Continuando a minha saga pela India, vou contar mais um pouco da minha experiência, agora rumo ao norte nas cidades de Haridwar e Rishikesh. Começa ruim mas melhora, prometo. Para você que ainda não leu a primeira parte basta clicar aqui.
Haridwar é uma das 7 cidades sagradas da India, segundo a mitologia Hindu, Haridwar junto com mais 4 cidades foi um dos lugares onde caíram gotas do Amrit (elixir da imortalidade) enquanto era carregado pelo pássaro celestial Garuda. A cidade é extremamente importante para os Hindus e é palco de vários festivais religiosos, inclusive o Kumbha Mela, o mais importante deles.
Escolhi a cidade pois achei que tinha um peso importante culturalmente e pensei que seria uma boa experiência. Bom, fico muito contente por ter passado só uma noite lá, saí correndo assim que o sol deu as caras no dia seguinte.
A viagem de Delhi a Haridwar foi feita de ônibus, uma vez que encontrei dificuldades para conseguir uma passagem de trem. Passei 1 dia e uma noite inteira viajando num ônibus horrível e sem o menor conforto. Os assentos não inclinavam nem 1 centímetro e esse trajeto todo foi feito sentada na mesma posição e parando de vez em quando em alguns “restaurantes” pelo caminho.
Quando finalmente cheguei a cidade estava exausta, simplesmente destruída, mas não havia tempo a perder pois a viagem atrasou muito e no dia seguinte já iria pegar estrada novamente. Foi a conta de ir ao hotel, deixar as coisas e tomar um banho (num banheiro sinistro com água gelada) e ir ver a cidade.
O tuck-tuck que a recepção do hotel arranjou chegou rápido e eu já estava até bem disposta, limpa e com roupas novas mas a good mood durou pouco. O tuck-tuck que pedi pensando ser exclusivo foi parando ao longo do caminho para todas as pessoas que pediam e houve um momento que contei 12 pessoas no veículo minúsculo.
Fui até as margens do Rio Ganges acompanhar a cerimônia do Aarti, onde os Hindus cantam, oram, fazem oferendas e se banham no rio. A cerimônia é bonita e é uma pena eu não ter conseguido aproveitar o quanto gostaria, é impossível sentir-se tranquilo devido ao grande número de pessoas andando de um lado ao outro,(sabe a 25 de Março no Natal?) crianças vendendo cestas de oferendas e os mendigos te seguindo pedindo dinheiro, comida, roupas etc. Tentei aproveitar o quanto pude e quando cheguei no meu limite voltei ao hotel.
Acordei assim que o sol nasceu e uma vez que as duas cidades são próximas fiz o trajeto de tuck-tuck. Rishikesh fica localizada aos pés dos Himaláias e devido a quantidade de ashrams é super frequentada por praticantes de yoga do mundo todo. Ficou ainda mais famosa depois que os Beatles fizeram uma visita para um treino de Meditação Transcendental, fazendo assim despertar o interesse do ocidente pela cultura Indiana.
O hotel que fiquei tinha uma vista linda do rio, a cidade é muito tranquila comparado ao caos que foi até então. É repleta de yoguis e sadus, também tem várias opções de esportes radicais em meio a natureza e as águas geladas vindas direto dos Himalaias (o Ganges aqui ainda é limpo e cristalino). Passava os dias andando pela cidade, conhecendo templos, refrescando na cachoeira, experimentando vários restaurantezinhos vegans e até pratiquei um pouco de yoga. Ao por do sol sempre ai a beira do rio aonde acontece todas as tardes a cerimônia do Ganga Aarti , o ritual é basicamente o mesmo que presenciei em Haridwar, mas gostei muito mais, não sou uma pessoa religiosa, mas posso afirmar com toda certeza que foi uma experiência espiritual. Em Rishikesh encontrei minha paz!
O relato continua nos próximos posts.
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